“Fomos criados em uma cultura de variedade, de múltiplos
interesses, de diversidades de possibilidades, infinitos recursos para
arbitrarmos, o que é para nós e o que não nós serve.
Um povo de características mais femininas, onde observamos
todo nosso entorno, ligados em tudo e em todos ( menos em nós mesmos).
Percebemos o mundo em 360 graus, olhamos ao longe, julgamos
e interferimos na vida alheia, dando a isto a veste de Se Importar, ou seja de
amor.
Mas desenvolvemos a dispersão de energias, a dividimos em
tudo no nosso entorno, damos poder ao meio, não geramos limites, não nos
limitamos.
A Nossa liberdade deveria ir até onde inicia a liberdade do
próximo, mas tendemos a forçar nosso mapa pessoal de vida aos demais como sendo
o mais correto.
Nós nos empenhamos a mudar o mundo, as pessoas, forçando-as
a seguir nosso modelo de vida, e inconscientemente, seguimos um modelo imposto
a nós por milênios sem questionar.
Vivemos como entidades, seguindo condicionamentos, sem
discernimento, apenas repetindo ações aprendidas.
Perdemos o foco em nós, sempre nós colocamos em último
plano: colocamos a nossa frente pessoas que amamos, crenças, missão de mudar o
meio, corrigindo a obra divina, ao invés de contribuir com ela.
Uma fuga, pois se voltarmos o foco a nós mesmos, teremos que
nós perceber como somos, e não como nós idealizamos, e isto dói, pois não
sabemos lidar com a realidade:
Somos Humanos, frágeis, falíveis, em aprendizado, seres em
desenvolvimento de potenciais, habilidades, e portanto pedras brutas em
lapidação, onde nosso verdadeiro valor, brilho terá que ser trazido para fora.
A grande diferença entre um Humano e os demais seres em
Gaia, é a capacidade de tomar consciência do que sente, gerar sensações
emotivas com seus processos mentais, de observar a si mesmo e modificar o
próprio ser, de forma a se fazer feliz. Os animais agem por condicionado,
aprendizado passado de geração em geração, aperfeiçoando a espécie, gerando
mutações no DNA fixo e no volátil. Da mesma forma temos o mesmo impulso, somado
com a exposição sociocultural e religiosa, e a possibilidade de escolhermos
sobre nosso caminho, sobre nossas reações e ações.
Mas estamos tão absortos em acompanhar o mundo exterior, que
saímos do centro de nosso mundo, nós tornando vítimas do meio.
O primeiro foco que precisamos desenvolver, e a volta ao que
sentimos:
Como cada fato, cada pessoa, nós impacta? Onde estamos ou nós colocamos para ter certa reação?
Com que personagem, mascara estamos nos identificando para nós sentir de certa forma? Submisso ou dominador, vítima ou agente?
Onde estamos colocando nosso poder? O quando ele está fora de nós, agindo contra nós, nos oprimindo? E o quanto o temos em nossas mãos e o usamos para mudar a situação.
Recuperar o próprio poder exige Disciplina, coisa que para
nós é algo a se evitar, pois a confundimos como mecanismo de opressão, de
obrigação, de ficar quietos e submissos..
Não, disciplina é apenas colocar o foco naquilo que
desejamos para nós, direcionar nosso esforço e atenção a nosso processo
buscando modifica-lo de forma a nós fazermos mais felizes.
Felicidade passa a ser não um estado desejado, idealizado,
mas uma medida de estarmos no rumo certo, o uso do bom senso da alma, nosso
mestre interior, guia seguro.
Disciplina para mudar o foco da segurança, pois se segurar,
se assegurar no mundo exterior é ilusório, pois ele é mutável, e independe de
nossa vontade. O único local onde podemos nos segurar, apoiar, aconchegar é
dentro de nós, nas nossas partes que torcem que sejamos felizes, que evoluamos,
pois se o fizermos, elas também o farão, então se segurar na própria alma-
espirito, honrando os corpos de manifestação, os apoiando e cuidando, pois eles
se apoiam em nós, gerentes que somos deste Universo interno que nós coabita,
infinitos átomos, células, seres simbiônticos e até mesmos parasitas.
Se não nós focarmos em nós, com disciplina, deixamos este
Universo interno sem gestão, sem ordem e se tornará caótico, nós afetando, pois
sem poder, é afetado pelas forças externas.
Se desenvolvermos foco, disciplina aprendendo a lidar
conosco mesmos, concentrados em como funcionamos, podemos usar a dadiva do
Livre arbítrio, e usar nosso discernimento, o Poder de escolha, de dar e tirar
importância, de absorver ou não, de nós deixar impressionar ou de
anular/neutralizar e a partir da escolha lucida, usar nosso Poder maior de
Vontade para interferir em cada processo, modifica-lo, ajusta-lo, transmuta-lo,
de forma a encontrarmos sempre uma melhor posição, que nós faça sentirmos bem
conosco mesmos, ou nós movermos um passo mais próximos ao estado de felicidade.
A nossa intenção é a diretriz maior que dá sentido a cada
ato nosso, dá um significado a nossa vida, mas por falta de foco, de
disciplina, de não termos o centro em nós mesmos, de não estarmos lúcidos
na auto percepção ( o que estou sentindo agora com isto? Onde estou me
colocando neste momento? Posso mudar meu ponto de vista agora e como isto muda
o que estou sentindo?), não temos a mínima noção da intenção de cada atitude
nossa. Com isto diluímos nosso poder, pois outras intenções sobreporão a nossa
não capacidade de intencionar nossa energia, ou seja de comanda-la, pois
negamos a lidar conosco mesmos....
Fugimos de nós, de nossa existência, quando focamos tudo
menos a nós mesmos. E uma fuga da vida, tem preço, pois ela irá se impor a nós.
A quem está encarnado não há fuga de viver, e se não se colocar no fluxo da
vida por amor, o faremos pelo sofrimento.
Toda dor só indica que em algum ponto em nós, existe uma
fuga, estamos nos defendendo de sentirmos uma magoa forte- a vida não é o que
queríamos que ela fosse, mas ela é o que pode ser, o que precisamos que ela
seja, para evoluirmos, para mudarmos...
A vida é real, não é ideal... nossos relacionamentos são
reais, mas nós nos negamos a ver ao outro, porque nós negamos a nós perceber
quem somos realmente, não nós mostramos a ninguém, nem a nós mesmos...
Temos raiva da vida, porque ela se nega a estimular nossas
ilusões, idealizações...fugimos de nós sentirmos magoados, mas a magoa é a
visita da verdade, ela apenas nos traz de volta ao cardíaco, morada da alma.
Para viver na alma, porta do espirito, precisamos estar
concentrados em nós, determinarmos nossa intenção, desenvolvermos disciplina,
foco, direcionarmos nossa vontade, e ao assumir a auto responsabilidade,
recuperando o poder de fazer diferente, de ser diferente, único, transmutarmos
nossa vida.
Mas ninguém aprenderá a dominar os elementos da realidade,
se não desenvolver a habilidade de lidar com seus elementos internos, de ter
foco, clareza de intenção, se colocar no centro da atitude, com toda
responsabilidade assumida pelas consequências, a disciplina de estar consciente
e presente em si a cada momento...
Ou seja, aquilo que devido a nossa cultura liberal ,
permissiva, paternalista, assistencialista, não desenvolvemos quando crianças,
não se tornaram naturais como em outros povos, termos que correr atrás do
prejuízo...não por obrigação, mas porque queremos ser os autores de nossa
própria vida.
A independência não está em se rebelar contra a dependência,
contra quem nós protege, mas aproveitarmos que a vida nós supre com os recursos
necessários, aprendermos como nós virar, com aqueles que já caminharam mais que
nós, pois eles podem evitar que caiamos em armadilhas, que eles experienciaram,
pela bondade deles em compartilhar sua experiência conosco.
Os Poderes de Foco, Disciplina, Concentração, Intenção,
Vontade, Presença, Clareza, Lucidez não nascem de um dia para o outro, precisam
de que trabalhemos muito sobre elas, que lidemos com cada fracasso, cada
inabilidade nossa, de forma positiva, com autoconsideração, afinal ninguém se
torna um exímio musicista sem dedicar horas a fio em desenvolver sua arte.
Aprender o domínio é desenvolver uma arte. Assumir o próprio
poder também é uma arte.
Um desenhista primeiro aprende as técnicas, do mais simples
risco, depois do uso da aquarela, do lápis de cera, das tintas, até que um dia
se torne um pintor, E o que diferencia um pintor que apenas desenvolveu
técnicas, de um mestre é que depois de desenvolver, o foco, a disciplina, a
intenção, a concentração, ao aprender a base da arte, a subverte, traz sua alma
para a mesma, e após dominar todas as técnicas, a saber lidar com suas
habilidades, suas limitações, as transcende, e flui na sua arte, além do
ego...se torna a própria arte se manifestando...
Mas sem se dedicar a aprender como segurar um lápis, qual é
o traçado, a lidar com os recursos, nenhum mestre nasce...sem as 5 qualidades
temas desde texto, da mesma forma ninguém se torna um mestre de si mesmo. “
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