quinta-feira, 19 de abril de 2018

Síndrome Abstinência da Alma


Não só de vícios que sofremos da abstinência e todos sintomas dela.

O luto traz em si a abstinência daquela pessoa que partiu de nossa vida, da perda de um emprego e de  relações é o efeito da falta e abstinência da importância que ocupava em nosso espaço.
Passa da mesma forma, pelas 5 fases da naturais da doença: negação, revolta, negociação, até aceitarmos encarar esta dor e trata-la, e sua superação, a transcendência.
No início, o vazio, a magoa, sensação de abandono e/ou rejeição de um lado e de outro a culpa pelo que fizemos ou deixamos de fazer.

É uma falta inclusive orgânica, movimenta hormônios, conteúdos, e parece que o não acesso é insuportável, precisamos ao menos mais uma dose daquilo.
Neste momento o acolhimento daqueles que amamos nos ajuda a superar a noite negra da alma, que chora dolorida pela ausência daquilo que lhe era essencial, lhe dava proposito na vida. Na dor, mais uma dose, mesmo que nos faça mal alongo prazo, gera alivio ao vazio no peito...

A saudade inicia-se pela sensação de culpa, remorso, perda, abstinência, e aos poucos, transmuta-se em saudade da consciência de que valeu a pena viver isto, enquanto durou.
Ao invés da saudade do proximidade, se descobre que do vazio escuro, surge iluminada a presença vivida no nosso coração, daquilo que sofríamos da abstinência, e descobrimos: aquilo vive para sempre dentro de nós e não mais sofreremos sua falta.
Aquela pessoa ou vivência faz parte de nós, daquilo que nos tornamos pelas trocas efetuados, já sem julgamento se foi bom ou ruim, dos altos e baixos, mas  a permanência do amor incondicional: a alma ama e  se amou, não deixa de amar...

Transmutar a relação viciosa com o condicionamento, da necessidade daquilo, tóxico como chumbo em presença nobre dourada que nos preenche de plenitude: que bom ter vivido esta relação, mesmo que em momentos tenha ferido...melhor do que não a ter vivido e se relacionado. Sem esta vivência nossa vida não teria sido tão valiosa, colorida, ficaria mais vazia.

Melhor lidar com a abstinência, com o luto, do que não ter vivido intensamente.
Ser Humano é aprender a lidar com as emoções, das mais primitivas, instintivas, compulsivas, e educa-las aos mais nobres sentimentos, adquirindo a maestria, dominando-se, ao invés de apenas controlar e estagnar esta bioenergética, que nos adoece ainda mais; e isto inclui a fase  aguda e crônica de abstinência, mesmo que o intervalo entre relações pessoais, de trabalhos, da perda daquilo que nos dava proposito para continuarmos a termos a força e coragem de sair da cama de manhã, de casa por amor à vida, dar mais um próximo passo.
Pois é no amor incondicional à nossa vida que nos conduz da noite negra do luto e abstinência para uma nova vivência prazerosa. Pois viver vale a pena, e nossos apegos ao passado, consome muita energia, nos paralisando. E ninguém gosta de sentir estagnado, precisamos do movimento do seguir em frente.

Só por hoje, resistirei ...por amor a mim mesmo, mais um passo adiante ...

Até que nossa vida ganha outro sentido, o da presença e gratidão iluminando nossa alma.
Pois a alma também sofre de abstinência, não só o corpo; mas a alma sabe nos guiar para a cura.

 

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