terça-feira, 23 de agosto de 2011

Juiz Interno




Na vida entramos em contato com inúmeras informações, e aos poucos, conforme nossas experiências, algumas se tornam verdadeiras para nós, outras são descartadas. Construímos uma estrutura de crenças que se torna nosso pilar de valores e crenças, com a força de um código de leis interno.
A partir deste código geramos nossa referencia de certo e errado – o que esta de acordo ou não com nossas leis internas. Nos momentos que realizamos uma ação que é contraria a estas leis, e suas conseqüências são negativas, nós nos colocamos como réus em nosso próprio tribunal da consciência. E invariavelmente nos condenamos e punimos.
E como não temos a consciência que este código de leis foi criado por nós mesmos, e que, portanto, podemos alterá-lo, sentimos como se fosse o mundo que nos julgasse, em sua parte mais respeitada por nós, o divino. E geramos a imagem de um Deus enérgico e punidor.
Com isto retiramos de nossas mãos a possibilidade de alterar esta estrutura e também nossa responsabilidade sobre a mesma. Transferimos então nosso poder ao Deus externo e ao mundo, colocando-nós no papel de réus.
E que juiz implacável geramos para nós, ele não dá nenhum valor ao que fazemos de bem, de funcional, as nossas vitórias e conquistas, a qualquer coisa que reforce nossa autoestima, nossa força interna.
Este juiz nos coloca como reféns de si, totalmente a mercê de seu julgamento, no qual não cabe advogado de defesa, apenas a promotoria, recursos em instancias superiores. É ele que destrói nossos conceitos de autovalor e busca nivelar ao quase nada, ao fracassado. Ele que em ação onde tivemos 99% de êxito, sabe apenas apontar onde houve a falha, o que poderia ter sido melhor.
O nosso código de leis, criado a principio para nós nortear, para servir de base sólida a nosso caminhar, perde-se em sua função e se torna prisão. A energia que gastamos para manter esta estrutura é enorme, pois geramos nela grades que nos cerceiam, amarras que tolhem a criatividade, os impulsos e temperamentos.
Este código vira o monstro que destrói o medico que o gerou.
Mas, podemos como médicos, corrigir a estrutura defeituosa, ao ressignificar nossas leis internas, as tornando mais maleáveis, libertadoras, funcionais, incentivadoras de nossa evolução.
Ao modificarmos nosso comando interno que só a perfeição é aceitável, o que é impossível para um individuo que foi gerado para aprender por tentativa e erro, para o de sermos caprichosos no que fazemos, no melhor de que somos capazes, do jeito que sabemos fazer, com a consciência de que ainda podemos e iremos falhar, pois a luz de nossa inteligência ainda não extirpou todas as sombras de ignorância que possuímos; de que errar é humano, faz parte do jogo e não nos cabe culpa e punição, mas sim o aprendizado que se somará a nossa sabedoria.
Portanto, podemos perceber, que o erro aumenta nossa luz e reduz nossa sombra no sentido de que cada engano aprendido, nós aproxima da capacidade de fazermos o correto.
Se for de cada tentativa e erro, que evoluímos, então porque nós nos julgamos tão severamente?
Se observarmos bem, as demais pessoas nem se apercebem de nossos enganos, ocupadas consigo mesmas, que o mundo não para tudo o que esta fazendo para nós julgar. Deus, então, que possui a responsabilidades de Universos, não irá nos focar com uma lupa... Ele tem mais o que fazer, e é para isto que gerou os princípios que nos regem...
Apenas o juiz que nós mesmos criamos dentro de nós o faz. È uma parte de nosso ser, que determinamos seguir o papel de juiz. Mas se formos capazes de compreender que os outros têm seu valor, mesmo tendo defeitos, cometendo enganos, e os amamos como são, porque não somos capazes de ter a mesma compreensão, complacência para conosco mesmos?
Retiremos este juiz de seu púlpito e o tragamos ao posto de um amigo, orientador, e que ele seja mais brando, corrigindo, aconselhando, ao invés de punir. Ensinando amorosamente, com paciência e com a plena fé de que sempre aprenderemos a sermos melhores do que hoje somos rumo à perfeição, oriunda da sabedoria que desejamos.

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